O projeto da Escola de Hotelaria de Fátima é
alvo de destaque na edição da revista Anteprojetos do presente mês de
Fevereiro. A arquitetura é da autoria do gabinete Filipe Saraiva - Arquitetos e
a engenharia foi desenvolvida pela Central Projetos.
A escola foi estudada tendo em mente criar um
complexo de referência na área do ensino profissional de hotelaria. Sendo todo
o complexo projetado de raiz, a sua conceção foi assente numa simbiose entre arquitetura
moderna e engenharia de vanguarda que inclui a adoção de soluções ecológicas e sustentáveis.
Arquitetonicamente, o complexo foi concebido
adotando uma lógica de edifício concentrado, com uma linguagem arquitetónica
contemporânea e geometricamente forte, como centro de composição de todo o
complexo, contrapondo com o terreno envolvente do qual se mantiveram as suas
características naturais, com carácter maioritariamente rural.
Em termos volumétricos, o edifício principal -
Edifício Aprender - assume a forma de "edifício ponte" com ligação entre as
duas colinas do terreno. Sob este edifício é garantida uma passagem inferior
transversal, na zona central, junto da bacia do vale, que mantém a via
existente no terreno e onde se constitui uma praça coberta destinada ao acesso
de serviços exteriores.
Próximo da entrada no complexo, equidistante do
edifício "Aprender" e a praça central, encontra-se o edifício administrativo. De
forma recortada, o edifício resulta de uma ocupação que pretende integrar-se
num espaço com vegetação e árvores existentes a preservar, constituindo as
mesmas como parte integrante do edifício, integradas em pátios ajardinados de
contemplação e entrada de luz natural.
Os restantes blocos foram implantados em torno
de uma praça central orientada no eixo definido pelas duas dolinas existentes
no terreno. O espaço prevê a construção de casas com função de alojamento, uma
unidade hoteleira de carácter residencial, biblioteca e um restaurante, e
pretende através de uma abordagem contemporânea recriar o ambiente de uma
aldeia tradicional estremenha do século XIX.
Na conceção geral dos projetos de
especialidades de engenharia foram adotados princípios técnicos assentes em
soluções ecológicas e sustentáveis facilmente aplicáveis à modularidade da obra
e sua possibilidade de faseamento.
Os sistemas de climatização de cada um dos
edifícios será autónomo e apropriado às particularidades da funcionalidade e
ocupação do mesmo. Destaca-se a utilização nas de tetos ventilados, que terão
exaustão de ar, ar de compensação (não tratado termicamente) e ar climatizado.
O aquecimento de águas quentes sanitárias é,
genericamente, centrado em cada um dos edifícios e será efetuado através de
painéis solares apoiados por caldeiras a gás.
As águas pluviais, do edifício principal, são
alvo de reaproveitamento para abastecimento da rede de rega. As águas de
excesso são encaminhadas para exterior do edifício, em superfície livre, para o
lago artificial junto às dolinas existentes.
A alimentação de energia elétrica aos edifico
será obtida em Média Tensão através da instalação de PT privado, seguindo em
baixa tensão até às redes de distribuição dos diversos edifícios. A iluminação
projetada recaí por equipamentos LED, estando prevista ainda a utilização de interruptores,
fotocélulas, detetores de presença e movimento e controle do índice de
iluminação em zonas de grande período de utilização.
Os espaços exteriores da Escola de Hotelaria de
Fátima são constituídos pela rede de caminhos de acesso às diversas áreas, por zonas
de mato e pinhal, zona de olival, zona de mato e eucaliptal, vinha, hortas e
lagos. Os canteiros do pátio interior da Escola serão plantados com diversas
espécies aromáticas que serão utilizadas pelos alunos. Este carácter pedagógico
estender-se-á também às hortas, vinhas e olival que serão usufruídas nas
experiências académicas.
Os lagos propostos terão uma conceção
naturalizada, com fins lúdicos e contemplativos, com peixes e plantas aquáticas
contribuindo para a fito depuração natural da água. O lago maior encontra-se
adossado ao restaurante, que se prolonga para o exterior através de uma esplanada
balanceada sobre a água.
Acrescente-se que o atual valor estimado para
execução desta obra é de 18.000.000 euros.
B. Henriques / C. Carvalho