O tratamento de efluentes residuais com
recurso a zonas húmidas naturais tem origem no início do Sec. XX, com o
reconhecimento das capacidades de depuração destes sistemas. No entanto, apenas
no início da década de 70 se começa a estudar sistematicamente o comportamento
de plantas macrófitas e dos sistemas em que as mesmas se desenvolvem no
contexto da depuração de diferentes tipos de efluentes residuais, originando a
tecnologia base das atuais fito-ETAR ou Leitos de Macrófitas.
Genericamente, o tratamento resulta de
uma combinação de diversos processos físicos e químicos, com o tratamento
biológico a ser efetuado por populações de bactérias não nocivas, que se
desenvolvem junto das raízes de plantas aquáticas, através da digestão das
cargas orgânicas que transformam em nutrientes essências para as plantas,
promovendo ainda um controlo das bactérias patogénicas.
Do exposto, facilmente se compreende a
importância preponderante das plantas macrófitas no funcionamento do
tratamento, destacando-se a estabilidade que conferem aos leitos,
proporcionando condições favoráveis à filtração física dos efluentes, o
isolamento térmico dos leitos durante o inverno e a constituição de uma enorme
superfície, essencialmente no seu sistema
radicular, para alojamento e crescimento das colónias de bactérias
essenciais ao tratamento.
A utilização crescente desta tecnologia,
na Europa e também no nosso país, tem permitido verificar que a mesma se adequa
ao tratamento sustentável de águas residuais domésticas e industriais em
pequenos aglomerados populacionais, condomínios privados e unidades hoteleiras
isoladas, podendo ainda servir para o tratamento de efluentes de pequenas
indústrias. Para tal continuem diversos fatores, dos quais se destacam:
- a
facilidade de construção;
- a
integração paisagística;
- a
baixa produção de lamas;
- a
possibilidade de criação de espaços verdes e de habitats naturais
A estes fatores acrescem ainda os
reduzidos encargos de operação e manutenção, uma vez que:
- não
utilização de produtos químicos;
- não
consomem energia durante o funcionamento.
Necessitam, contudo, de manutenção e
monitorização cuidada, que permita controlar o desenvolvimento das plantas e
microrganismos que promovem o tratamento.
A sua aplicabilidade, como indicado,
será limitada, uma vez que comparativamente com soluções de tratamento
convencionais necessitam de grandes áreas de desenvolvimento. Tratando-se de
sistemas de tratamento vivos, são também vulneráveis a outros fatores como
cheias e incêndios, que embora resultantes de eventos extemos, se têm
verificado com maior frequência no nosso país nos últimos anos. Acresce que, como
se baseiam em processos biológicos, apresentam variações sazonais no seu
desempenho. Ainda assim é possível, através de um dimensionamento criterioso
dos leitos, que os valores de descarga continuem a cumprir com os valores
limite de cargas poluentes estabelecidos na legislação.
Esta tecnologia continua em evolução,
tendo nos últimos anos sido desenvolvidos testes com sistemas flutuantes de colónias
de macrófitas ou com plantas com potencial para produção de biodiesel, por
exemplo. Tem também crescido a sua utilização como sistema de depuração em
piscinas naturais.
Na Central Projetos possuímos uma equipa
dedicada e atenta ao pormenor, capaz de desenvolver os mais variados projetos
de engenharia sanitária, não deixando de acompanhando as inovações na área, para
que em cada projeto seja escolhida a tecnologia mais adequada às necessidades
do cliente.
B. Henriques
Créditos
de imagens em:
Melbourn
Urbanwater;
Lowimpact.org.