Nos tempos que correm temos cada vez
mais preocupação com a eficiência energética dos edifícios e com a poupança na
fatura energética que advém, por vezes, da adoção de isolamentos térmicos em
paredes exteriores, nomeadamente nas fachadas dos edifícios. A existência de
programas comunitários de financiamento para melhoramento da eficiência
energética dos edifícios, catalisam este tipo de intervenções nos edifícios
existentes. A solução que começamos a ver com mais frequência é a solução
"ETICS" aplicada em fachadas.
Quantos
de nós já não vimos um prédio com mais de nove metros de altura (mais de dois
pisos), a ser construído ou reabilitado, com aplicação de um revestimento de
fachada tipo "ETICS", em que o isolante térmico é composto por placas EPS ou
XPS?
O Regulamento Técnico de Segurança
Contra Incêndios em Edifícios (Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro)
define "reação ao fogo", como sendo "a
resposta de um produto ao contribuir pela sua própria decomposição para o
início e desenvolvimento de um incêndio, avaliada com base num conjunto de
ensaios normalizados."
A escolha de um isolamento térmico com
aplicação exterior numa fachada, ventilada ou não, deve ser bem ponderada. Como
técnicos, não devemos ter em conta apenas o fator "térmico" mas também, nos
casos descritos, a reação ao fogo desse isolamento e consequentemente do
"conjunto", isolamento + revestimento, para além da forma de aplicação.
Recentemente, o incêndio na torre Grenfell, em Londres veio acelerar um
pouco a importância da escolha de um revestimento de fachada adequado e a aplicação
de barreiras de fogo na própria fachada, impedindo a propagação e expansão do
incêndio pelo exterior. Hoje começam-se a dar passos significativos na
avaliação da reação ao fogo de materiais e sistemas construtivos instalados em
fachadas à escala real. Assim é já possível avaliar o comportamento ao fogo de
um material ou sistema, tendo em conta não só a sua composição, como também a
forma como é aplicado.
É importante alertar os técnicos
projetistas, as equipas de fiscalização e também os donos de obra para a
importância das soluções de revestimento em fachadas que vai bem além da
eficiência energética. Em prédios com mais de um piso em elevação (no mínimo
com três pisos), a reação ao fogo de um sistema completo tipo "ETICS" deve ser
no mínimo da classe de reação ao fogo B-s3 d0, e o isolante térmico deve
apresentar uma classe de reação ao fogo mínima, E-d2. Estarão estas classes de
reação ao fogo a ser cumpridas?
A Central Projetos conta com uma equipa
multidisciplinar e especializada nas várias áreas da engenharia e arquitetura
que olham para o edifício como um todo e ponderam as várias soluções a aplicar
nos seus projetos para que o resultado final seja mais do que a soma de todas
as partes.
da Fonseca, Bruno
Créditos de imagens em:
Jornal
Expresso;
Ordem
dos Engenheiros.