Não é novidade que nos sistemas de águas quentes sanitárias
(AQS) uma das medidas a tomar para a minimização do desperdício de água e
consequente eficiência hídrica, passa pela instalação de um circuito secundário
forçado, denominado de circuito de retorno. Geralmente o circuito de retorno
das AQS desenvolve-se paralelamente ao circuito de distribuição principal, interligando-se
com este nas suas extremidades formando um anel. Desta forma é garantida a
circulação permanente da água quente no sistema.
O circuito de retorno poderá ser projetado de diversas
formas, sendo que o principal objetivo deverá ser o equilíbrio hidráulico global
do sistema. Quando este não é verificado, podem vir a constatar-se fenómenos
adversos como a demora aleatória, em distintos pontos de consumo do sistema, na
obtenção da água quente pretendida.
Especialmente em grandes edifícios tais como hotéis,
hospitais ou edifícios de serviços, entre outros, nos quais se constata uma
maior complexidade dos sistemas das AQS, podem ser idealizadas diversas formas para
o circuito de retorno e obtenção do desejado equilíbrio.
A opção teoricamente mais simplificada passa pela
consideração de vários circuitos de retorno (1), definindo-se que cada um compreende
apenas dois pontos de ligação ao sistema principal de ida: nas proximidades dos
dispositivos de consumo e junto ao equipamento de produção das AQS. O
equilíbrio de cada circuito é obtido através de cada uma das bombas recirculadoras
autorreguláveis. No entanto, a utilização de uma solução deste tipo conduz
inevitavelmente a um maior número de bombas recirculadoras e tubagens de
retorno, ou seja, a maior necessidade de espaço, maior custo de instalação e
maior custo de manutenção.
Esquema (1) - Circuito
de retorno com subdivisão em circuitos forçados simplificados
Uma
outra hipótese, de dimensionamento mais trabalhoso, passa por projetar um circuito
ramificado forçado, com a aplicação de válvulas de equilíbrio/regulação (2). O
circuito tem a sua origem no final dos circuitos principais de distribuição de
AQS e desenvolve-se acompanhando paralelamente os mesmos, com as ramificações
necessárias, terminando a jusante numa bomba recirculadora única, localizada
nas proximidades do equipamento de produção das AQS. Para obtenção do equilíbrio
hidráulico entre os subcircuitos, considera-se a aplicação de válvulas de
equilíbrio/regulação em material de elevada nobreza (aço inox ou bronze), nos
pontos de ligação entre o circuito principal e o de retorno, ou nos pontos de
ramificação.
Esquema (2) -
Circuito de retorno ramificado forçado, com a aplicação de válvula de
equilíbrio/regulação
Recentemente, a Central Projectos (CP) efetuou ensaios ao
sistema de AQS de uma unidade hoteleira, desenvolvendo o estudo detalhado
relativo ao circuito de retorno, utilizando o método descrito em (2) para
correção do desequilíbrio hidráulico detetado.
É de salientar, no entanto, que cada sistema de AQS é único
devendo ser devidamente analisado de acordo com os requisitos exigidos pela
tipologia do próprio edifício e, principalmente pelo cliente.
A CP dispõem de departamento de redes que integra uma equipa
especializada, capaz de adotar a metodologia mais adequada para o
desenvolvimento da melhor solução técnico-económica, ajustando-a a cada tipo de
sistema de AQS, em fase de projeto ou já no decorrer da vida útil do edifício.
C. Carvalho